Chef de cachorro

Sabemos que os cachorros têm um olfato 5 vezes melhor que o nosso e que ele tem um importante papel na distinção dos alimentos. Enquanto mastigamos, sentimos simultaneamente o paladar e o cheiro. Porem também é fato que o nosso paladar é melhor, enquanto nós possuímos cerca de 9.000 papilas gustativas, os cães possuem apenas cerca de 1.700, mas tanto quanto nós, eles são capazes de reconhecer os 5 sabores básicos (doce, salgado, amargo, ácido e o neutro como a água).
Esses dados não solucionam minhas duvidas… Afinal, quanto prazer um cachorro pode obter ao se alimentar? E é justo um cachorro de uma chefe de cozinha ser alimentado com ração industrializada? Quando procuro informações sobre o tema sempre obtenho respostas racionais e cômodas para nós, seres humanos, mas será que elas são verdades indiscutíveis? Todos os especialistas dizem que a ração proporciona uma alimentação mais equilibrada, mais pratica e econômica. Tudo bem, mas e o prazer, ninguém se preocupa com o prazer dos nossos melhores amigos? Claro que nós, os donos, nos preocupamos e acabamos dando pedacinho de coisas que comemos depois de inutilmente tentarmos resistir aos seus olhos pidões. Mas nos dizem que não devíamos, pois nossa comida não é boa para eles. Por isso, a ultima moda nos EUA são as padarias e livros de receitas para cães! É possível encontrar receitas na Internet também. Eu testei uma e foi um sucesso! Também, com tão poucas papilas gustativas acho que fica difícil errar! Mas o mais legal foi ver a surpresa e alegria da Macarena ao perceber que tudo aquilo que eu estava fazendo era pra ela, só pra ela!

The Poop
Vira-Lata

Quinoa

Neste reveillon resolvi inovar sem fugir da superstição... Apenas troquei a tradicional lentilha por outro grão, a Quinoa, afinal o importante é comer um grão que infla no cozimento. Depois fiz minha pesquisa, descobri que tem tudo a ver e resolvi compartilhar tais informações.

Quinoa ou quinua, o grão dos Incas do Peru e da Bolívia, é cultivado nos Andes por mais de 7000 anos, mas para nós é ainda uma novidade. O seu nome vem da língua Quéchua falada pelos Incas e outros povos indígenas da América do Sul. Com a colonização européia o cultivo dessa planta foi reprimido, possivelmente pelo seu significado religioso na cultura Inca. Ele era chamado de “grão de ouro” e considerado um alimento sagrado. Segundo historiadores, a importância que se dava ao grão era tanta que o próprio imperador iniciava anualmente o plantio, usando ferramentas de ouro maciço e depois da colheita, a quinoa era colocada em potes de ouro e oferecida ao deus Sol. Várias pesquisas provaram que toda essa idolatria tinha razão de ser,

afinal o valor nutricional desse grão é impressionante como era de se imaginar já que a quinoa era a base da alimentação daquele povo que, apesar do frio intenso da região, gozava de excelente saúde.

A quinoa fornece todos os aminoácidos essenciais necessários para a formação de enzimas, de massa muscular e para todo o funcionamento orgânico. Além disso, ela possui alto teor de carboidratos e é considerada uma boa fonte de minerais (magnésio, potássio, zinco e manganês) e vitaminas (B1, B2, B3, D e E).

Quando a Nasa acrescentou a quinoa à dieta dos astronautas o mundo redescobriu 'o grão de ouro'. No Chile e no Equador o grão já foi amplamente usado para reduzir a desnutrição infantil, com o aval da Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, foi qualificado pela Academia de Ciências dos Estados Unidos como o melhor alimento de origem vegetal para consumo humano.

Existem inúmeras variedades de quinoa, que crescem do norte do Equador ao sul da Bolívia. Porém, a que tem maior demanda no mundo é a chamada real, que tem grãos maiores e que, por enquanto, só cresce na Bolívia. Há cerca de 15 anos, a Embrapa realiza trabalhos para viabilizar seu plantio no Brasil. O avanço nesses experimentos pode ajudar na queda do preço do produto, que não é dos mais baratos. Mas vale a pena, pois além disso tudo ela é fácil de fazer, uma delícia e combina com quase tudo! QuinuaReal

Alfajor


Alfajor
Originally uploaded by PaulaVB.

Uma amiga foi para a Argentina e advinha o que ela trouxe de lá para dar de presente? Alfajores! Enquanto eu os devorava pensava... Quais são as características de um alfajor perfeito? Quais são considerados os melhores? Quem os inventou? E aí, meio que sem querer, comecei minha pesquisa, movida à gula e curiosidade gastronômica. Os nomes nos dizem muito, mas às vezes a gente esquece de prestar atenção neles. O que descobri agora parece óbvio, Alfajor é uma palavra árabe, tanto quanto alface! Esse doce simples e muito gostoso foi para a Espanha por volta do ano 711 quando o rei Rodrigo foi derrotado pelos árabes. A partir de então, a influência árabe passou a marcar a cultura espanhola, que entre outros costumes, adotou sua pastelaria típica. Da Espanha para a América Latina foi só um pulo, hoje nossos vizinhos preparam maravilhosos alfajores e são famosos por isso. O chato é que minha pesquisa ficou só na teoria... não temos diversas opções de alfajores para comprar por aqui. E não adianta me dizerem que tal marca é a melhor, porque só acredito comendo. Acho estranho o Brasil não consumir mais alfajores, será que é por causa da birra que temos com os argentinos? Bom, mas se você acha que a gastronomia é superior a essas picuinhas faça um alfajor caseiro e celebre as coisas boas que até os argentinos podem fazer!

Receita:
. 5 gemas
. 1 clara
. 10 g manteiga
. 150 g de farinha
. 1 colherzinha de pó Royal

Bater as gema e a clara juntas, acrescentar a manteiga, a farinha com o pó Royal. Misture tudo, abra a massa bem fininha, corte circulos, fure com palito e leve ao forno por 10 minutos. Recheie com doce de leite e cubra com chocolate derretido. Rende 18 alfajores.

Ostras


Cenário: Uma mesa de bar. Cena: Amigos com uma ou outra coisa em comum conversando sobre ostras. E ação!
Ostras são moluscos bivalves. Não diga! Tá bom, mas você sabia que as ostras já eram consumidas e apreciadas pelos celtas, gregos e romanos, que as devoravam em grandes quantidades? Bons tempos... Hoje os comedores de ostras são cada vez mais raros...! Será que tinha mais ostra no mercado? No começo do século 19 as ostras eram baratas e comidas pela classe trabalhadora até em tortas! Que beleza! Depois, com o aumento das cidades e da poluição a oferta do molusco diminuiu, seu preço subiu e a ostra passou a ser considerada uma iguaria. Hoje essas delícias são criadas em fazendas e requerem supervisão constante ao longo do seu período de crescimento de 3 a 4 anos. É verdade que os franceses são os maiores comedores de ostras? Parece que sim. Que saudades da França! Mas qual é o lance a respeito das ostras? São afrodisíacas mesmo? As ostras já eram consideradas afrodisíacas pelos romanos, no século 2 A.D., como mencionado numa sátira de Juvenal, que descreve o jeito devasso das mulheres depois de ingeri-las. Para os gregos quando Afrodite, a deusa do amor, saltou do mar numa concha de ostra e deu à luz Eros, a palavra “afrodisíaco” nasceu. E tem mais, Casanova começava suas refeições comendo 12 dúzias do molusco... Hum, mas de cientifico, nada? Cientificamente não existe nenhuma comida afrodisíaca… As ostras são muito nutritivas, com alto teor de proteína, ferro, cálcio, zinco e vitamina A. Pode ser que fazem efeito porque dão uma energia extra, o que já é alguma coisa…! E não deixam as mulheres com consciência pesada, só têm 47 calorias e 1,3 gramas de gordura! Nada disso, é muito mais óbvio. A ostra é macia, suculenta e tem uma aparência semelhante a… Sabe, né?! É simplesmente uma questão de associação de idéias, entende? Pode ser. Mas e o gosto? Afrodisíaca ou não, é maravilhosa! Mineral, refrescante, e salgadinha... Pura poesia... Gosto de mar!

English:
Food and love is a good combination, but let’s say you not only want to show your love with some cooking but also spice things up… Careful, food and sex can be very weird. Since that movie (remember?) people decided they at least should try to mix two pleasures in one experience. I don’t think it works; besides it’s so 80’s! And what about eating aphrodisiac food to get stimulated and then change activity? That can work… Imagine this scenery: A table in a crowded bar. The scene: Friends with not much in common having a good time eating and talking about oysters. And action!
Oysters are bivalve mollusks. Don’t say! Ok, but did you also know oysters were already consumed and appreciated by the Celtics, Greeks and Romans? And they ate them eagerly in massive quantities. That must have been good times… today there aren’t many oyster eaters. There are 4 at this table! Yeah, but in general… Do you think there were more oysters available? I know that in the beginning of the 19th century oysters were cheap and therefore eaten by the working class even in pies. But overfishing and pollution have reduced supplies, the price went up and oysters became a delicacy. At the same time more people now are afraid of getting diseases from eating them, especially raw. Do you think the French are the biggest oyster eaters? I would say so. I miss being in France!!! But what’s the deal with oysters anyway? Are they aphrodisiac? They were already considerate aphrodisiac by the Romans as mentioned on Juvenal’s satire, on which he describes how women behaved after eating oysters. The word aphrodisiac comes from the Greek goddess of sensuality, Aphrodite. A legend says Aphrodite came out of the ocean on an oyster shell and gave birth to Eros, the God of love. It is also known that Casanova started his meals by eating 12 dozens of this mollusks. Hum, but scientifically is there any proof of aphrodisiac powers? No, not really, scientifically there’s no such thing. But I know that oysters are very healthy, have a lot of protein, iron, zinc and vitamin A… maybe zinc can cause some effect. They’re also good because they don’t leave women felling bad after eating a lot, since they have few calories and only 1,3 grams of fat! No, you are all talking in circles! Oysters are fresh, soft, juicy, feels good in the mouth… you know! It’s a simple matter of association of ideas… Ok, maybe, but for me it is all about the taste; mineral, refreshing and salty… feels like eating the ocean! On that everyone agreed.
So if eating oysters made not so close friends talk about those things, there is the proof it has some aphrodisiac effect! Right? Or that effect was caused by the alcohol we were drinking with the oysters…?

Memórias

Não tenho uma memória muito boa, mas com comida é diferente. Lembro que quando eu era criança a minha maior aliada gastronômica era a Dagmar, nossa beagle gulosa. Graças a ela eu podia reservar lugar no meu estômago para o que realmente interessava! Ela ficava debaixo da mesa e recebia, de muito bom grado, os bifes ultra bem passados que eu não suportava comer e os restos de bolachas "desreacheadas" por mim!
Minhas primeiras incursões na cozinha foram para fazer pirulito de açúcar queimado e quanta queimadura sofri! Os adultos ao meu redor nem ligavam, é queimando que se aprende! Logo fui aumentando o repertório, aprendi a fazer brigadeiro e algum tempo depois crepes. Era meu jantar favorito, começava com as de queijo derretido e terminava com as recheadas de brigadeiro com sorvete. Logo mais comecei a fazer meus próprios ovos fritos para que ficassem do jeito que eu gostava, com a clara cozida e a gema mole que eu comia com batatas fritas. Adorava junkie food. O Macdonald's estava entrando no Brasil e achávamos aquilo o máximo. As festas de aniversários eram feitas lá e todos sabiam cantar o mantra: dois hamburgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles, num pão com gergelim! Parecia que tínhamos sofrido lavagem cerebral! E a moda dos chicletes bubble gum de melância, que também aromatizavam o ambiente! A hora do recreio era um festival de porcaria à parte, paçoquinha Amor, chocolate Sufflair, Sonho de Valsa, sorvetes Esquimó, Puxa-Puxa, bala 7 Belo, e tantas outras... Verdade seja dita, eu também tinha um lado sofisticado, não era levada a muitos restaurantes, mas adorava os que frequentava, como a churrascaria Rodeio, o japonês Suntory com seu jardim encantado e o saudoso italiano Gambino! O Gambino era especial, pois lá eu podia ir sem a companhia de adultos, apenas com meus amigos (isso aos 8 anos) e era uma das coisas que mais gostava de fazer na vida! Adorava aquela saladinha com molho de roquefort, o carpaccio que meu pai me ensinou a comer, as pizzas de massa finíssima e crocante, e claro, a sobremesa: cassata de nata com cobertura de chocolate! Às vezes pregava uma peça em alguma amiga: depois que ela já tinha comido o carpaccio eu falava que era de feito de carne de lagarto, até mostrava no cardápio e ainda confirmava com o garçom! Que sádica! E durante anos o restaurante mais chique que eu conhecia era o francês La Tambouille, que eu adorava e sempre citava como meu preferido. Lá comíamos salada verde com kani kama (!!!) de entrada e como prato principal: camarões empanados com catupiry!!! Dá pra ser mais 80's? Quanto a ingredientes as opções eram escassas, ninguém temperava salada com vinagre balsâmico, azeite de trufas e flor de sal. Salmão defumado, caviar, mostarda Dijon, foie gras e outras delícias só trazendo do Free Shop depois de uma viagem internacional. Realmente, quando eu era criança a gastronomia de São Paulo também era. Como evoluímos!